Pessoas.

Gosto de pessoas que são sinceras no olhar e nas palavras, que tem senso de humor, que se expressam o suficiente para eu entender o que se passa, que respondem "por que não?" ao invés de "não", que gostam de X mas experimentam Y, que tem o gosto musical parecido com o meu, que agitam e não desanimam, que se apegam mas não sufocam, que falam gírias, que não abominam palavrões, que planejam tatuagens, que são viciadas em algo interessante ou diferente, que não falam eu te amo até pro ar, que ficam com cara de cu ao invés de um sorriso falso, que sorriem "torto", que bebem comigo, que gostam da mary, que cantam com a música seee souber cantar, que tem alguma mania física, que transmitem confiança, que não pensam no amanhã, que são cinéfilas, que são imprevisíveis, que param para ouvir as letras das músicas, que sacam o meu jeito, que gostam de rolês improvisados, que são caras de pau, que não são simpáticas com todos, que deixam saudade, que te fazem refletir, que compartilham ideias idiotas, que provocam, que debatem, que não ligam para status social, que não levam a vida tão, tão a sério. Em muito disso não me encaixo, confesso, mas apenas me agrada quem assim é.

Inspiração.

Antigamente eu só precisava de papel e caneta pra começar a exteriorizar meus pensamentos sempre que quisesse. Eu tinha essa capacidade. Com o tempo foi ficando mais difícil, essa facilidade se esvaiu. E escrever é tão importante pra mim. É um jeito de conversar nas entrelinhas ou escancaradamente, sem precisar explicar ou dosar o que se diz. Em maus momentos era o que eu mais fazia e vez ou outra quando achava inspiração, também produzia textos bonitinhos. Li coisas de poucos anos atrás e invejei minha antiga eu. Não sei aonde foi a habilidade com as frases, nem a vontade de se expressar, nem a inspiração. Está tudo anestesiado, neutro. Sempre fui tão 8 ou 80 e agora "me sumo" do nada. Só estou meio perdida. Só um pouco.

Charles Bukowski.

Resolvi reunir algumas coisas dele que me agradam, enfim.

O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.
 
É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa.

De algum modo, sentia que estava ficando meio maluco. Mas sempre me sentia assim. De qualquer forma, a insanidade é relativa. Quem estabelece a norma?

Tudo o que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil. 

Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte.

Comigo é o seguinte: tenho que ficar sentado e esperar que a coisa venha até mim. Posso manipular tudo e espremer depois que chega, mas não posso sair a procurar.